Wednesday 28 November 2007

A pedido de várias famílias...


... estou de volta! A ausência foi longa, eu sei, não estava prevista, não senhor, nem teve uma razão especial, sei lá. Chamemos-lhe umas férias estivais alargadas, tão prolongadas como o Verão do cantinho à beira-mar plantado, assim como se um blogue fosse uma coisa de frio, lareira e pantufas. Período de reflexão, também, embora, confesso, não tenha concluído nada.

Volto assim com uma foto da mais bela mulher do cinema (Julie Christie) num filme que é uma das melhores surpresas dos últimos meses (Away from Her) que conta uma daquelas histórias de amor que apetece fazer perdurar. O filme é canadiano, estreia hoje discretamente em Bruxelas, em Portugal saiu directamente em DVD, e se houvesse justiça no mundo, haveria óscar à vista.

A história de um filme não se conta, por isso não vou desvendar a deste, mas posso referir que os protagonistas são um casal a entrar na terceira idade, há sintomas de Alzheimer, há sentimento de perda, há amizade e sobretudo muito amor. O filme é sério, já se vê, mas é uma "labour of love" e um prazer!

E agora despeço-me, prometendo que não voltarei a estar tanto tempo away from you...

Tuesday 31 July 2007

O Eclipse de Antonioni



Ainda mal refeito da morte de Ingmar Bergman ontem, o mundo do cinema é hoje abalado pela notícia do desaparecimento de outro muito grande: Michelangelo Antonioni. Sem palavras. Ficam os filmes.

Ironia da vida, no mesmo dia morre também o actor britânico David Hemmings, cujo papel emblemático foi o do fotógrafo de "Blowup" de Antonioni.

Monday 30 July 2007

Os Rostos de Bergman







Ingmar Bergman partiu hoje. Connosco fica a impressionante galeria de máscaras que usou (Bibi Andersson e Liv Ullmann- Persona; Eva Dahlbeck - Sorrisos de uma Noite de Verão; Bibi Andersson - A Paixão; Harriet Andersson - Mónica e o Desejo; Kari Sylwan - Lágrimas e Suspiros; Ingrid Thulin - O Silêncio; Liv Ullmann - Sarabanda).

Thursday 19 July 2007

O Silva dos plásticos

Lembram-se da história do Silva dos plásticos, aquele senhor que foi a Roma e que se deixou filmar ao lado do Papa e depois as pessoas só perguntavam "Quem será aquele velhinho de branco ao lado do Silva dos plásticos"? Pois aqui temos uma versão dessa história, actualizada e redimensionada: um amigo meu de Lisboa tem um amigo americano em Nova Iorque que tem um amigo peruano também em Nova Iorque que tem um amigo peruano em Lima cujo nome é Richard Valdivia. Não faço a menor ideia se Richard Valdivia negoceia em plásticos, nem se é muito conhecido em Lima. Mas a verdade é que, a acreditar na foto, tirada o mês passado no Peru, é um grande amigo de Adrien Brody, vencedor do óscar de melhor actor pelo filme "The Pianist" de Roman Polanski. Estou muito orgulhoso por vos poder mostrar esta foto, que não foi ainda publicada em nenhum jornal - é um "scoop" do Cinéfilo Invertebrado. Imagino já a malta lá do bairro a interrogar-se quem será aquele tipo de boné ao lado do Valdivia dos plásticos...

Monday 2 July 2007

Ambíguo

Em competição para o prémio "L'âge d'or", foi projectado no sábado em Bruxelas o filme argentino XXY de Lucía Puenzo. É raro que uma primeira obra seja simultaneamente perturbadora, sensível e grande. Menos raro é que este cinéfilo invertebrado não encontre quem se exprima melhor do ele para falar do que gosta. Aqui vai um excerto da crítica do diário La Nación de Buenos Aires:
La historia del relato parte de lo particular para llevarlo a lo universal, pues el dilema de elegir qué quiere uno hacer con su cuerpo o la incapacidad de poder tomar decisiones al respecto es algo que concierne a la humanidad entera. Hay en el film una densidad en el perfil de los personajes que sostiene toda la complejidad de los debates actuales acerca de la intersexualidad sin descuidar las diferentes posiciones respecto del amor y del sexo. Así, con enorme calidez, la cineasta logró un film de enorme valía tanto en su problemática como en su realización.

Wednesday 30 May 2007

Eu estive lá!

Não sem uma ponta de orgulho e emoção, eis-me sentado nas mais célebres escadarias do cinema, essas mesmas do «Couraçado Potemkin», em Odessa, Ucrânia.

Tuesday 15 May 2007

Cannes - 60 festivais

A edição deste ano começa amanhã. É a nº 60, o que é diferente de festejar 60 anos. O primeiro festival foi em 1939, como uma reacção "democrática" ao festival de Mussolini em Veneza. A guerra veio interromper, retomou em 1946, não se realizou em 1948 nem em 1950. É por isso que as comemorações dos «60 festivais» surgem 68 anos após a primeira edição. O primeiro filme a levar a «palma» (na altura não se chamava assim) foi Union Pacific de Cecil B. DeMille (na foto - Joel McCrea e Barbara Stanwyck).
Ao longo da história do festival, muitos filmes não mereceram as «palmas» que obtiveram, mas muitos outros fizeram a glória do que é hoje o principal festival de cinema do mundo.
Palmas de ouro ao calhas para Othello de Orson Welles (1952), La dolce vita de Federico Fellini (1960), Viridiana de Luis Buñuel (1961), Il gattopardo de Luchino Visconti (1963), Blowup de Michelangelo Antonioni (1967), Taxi Driver de Martin Scorsese (1976), Apocalypse Now de Francis Ford Coppola (1979), Kagemusha de Akira Kurosawa (1980), Paris, Texas de Wim Wenders (1984), O Sabor da Cereja de Abbas Kiarostami (1997), Elephant de Gus Van Sant (2003) ou L'enfant dos irmãos Dardenne (2005).

Wednesday 2 May 2007

Golden flower

Ela foi a primeira. Foi em 1987. Tinha 21 anos. Uma nova vaga de cineastas procurava dar alento a um cinema chinês adormecido. Ainda frequentava a Central Drama Academy de Pequim, quando obteve o papel principal no filme de estreia de Zhang Yimou, «Milho Vermelho». Vinte anos depois, Gong Li é uma glória nacional, o rosto do cinema chinês mais conhecido no mundo, uma das maiores actrizes actualmente em actividade (e meço bem as minhas palavras) e a mais bela de todas.
Trabalhou com os melhores cineastas chineses (Chen Kaige, Wong Kar Wai) e ultimamente parece apostada numa carreira internacional, mas é quase sempre maior do que os filmes em que participa («Memórias de uma Geisha», «Miami Vice»). Não trabalhava com Zhang Yimou, de quem foi musa e companheira, desde 1995 («Shanghai Triad»). No mais recente filme de ambos, «Curse of the Golden Flower», volta a ser imperial.
Não resisto a incluir uma nota pessoal: em 2002, estive em Veneza durante o festival de cinema, tendo assistido a várias sessões oficiais. Gong Li era a presidente do júri, e estava presente em todas as sessões. Todas as noites, desde que entrava na sala e até as luzes se apagarem, era impossível tirar os olhos dela. Não era só bela, era uma presença irradiante, levemente altiva, um olhar inteligente, os sorrisos que lançava à volta, mas que eu tinha a certeza que eram para mim...

Thursday 26 April 2007

Na época era tudo a preto e branco...



...depois veio a memória e fez-se cor


Sunday 22 April 2007

Friday 20 April 2007

Allons enfants de la patrie...

Três imagens de Joana d'Arc no cinema para assinalar a primeira volta das presidenciais francesas este fim de semana. Um dos raros paises que tem uma mulher como herói nacional poderá vir a tornar-se o primeiro país do mundo em que a igualdade entre homens e mulheres é finalmente atingida.
Tal poderá suceder se a candidata socialista Ségolène Royal for eleita. Dir-me-ão que isso não é feito inédito, que a Irlanda e outros países já tiveram mulheres na presidência, e que já houve e há primeiras-ministras por todo o lado. Pois, pois, mas Mary Robinson, Angela Merkel, Indira Gandhi ou Maria de Lurdes Pintasilgo são ou foram, todas, mulheres indiscutivelmente excepcionais. A verdadeira igualdade só será atingida quando as mulheres que ocuparem esses cargos forem, como grande parte dos homens que os ocupam, totalmente incompetentes.

É o que poderá vir a acontecer com Ségolène Royal em França. É bonita, tem imensa presença e nada na cabeça. Infelizmente.

Wednesday 4 April 2007

Belle de jour, belle toujours

Bela ideia, a do novo filme de Manoel de Oliveira. Uma espécie de post scriptum ao belíssimo filme de Buñuel. Não vi ainda, mas aqui fica um avant-goût em jeito de ovo de Páscoa. Duas das personagens de Belle de jour regressam - 38 anos depois - ao mistério de um segredo que só Henri Husson (Michel Piccoli nos dois filmes) detém e cuja revelação é essencial a Séverine (Catherine Deneuve no primeiro, Bulle Ogier no segundo). Voltam a encontrar-se, mas ela tenta evitá-lo a todo o custo. Ele insiste e convence-a a revê-lo, prometendo-lhe revelar um segredo que só ele conhece. Combinam um jantar íntimo num hotel chique. Durante todo o jantar, ela, agora viúva, espera que ele desvende o que realmente disse ao seu marido, então paralisado na sequência de uma bala disparada por um dos seus amantes.

Tuesday 20 March 2007

Primavera à porta...

Já arranjei muito bem
Tudo quanto convém
P’rá praia levar
O pente, o espelho, o bâton
E o creme muito bom
P’ra me bronzear
Tenho o meu rádio portátil
E o bikini encarnado
Também está no meu rol
E como é bom de ver
Não podia esquecer
Os meus óculos de sol

Que levo p’ra chorar uuuuhuh
Sem ninguém ver chorar
P’ra não dar uuuuhuh
A perceber
P’ra ocultar uuuuhuh
O meu sofrer
Pois eu sei que te hei-de encontrar
Talvez deitado à beira-mar
Com outra lado
E eu vou passar
A tarde a chorar

Já pensei não sair
Mas aonde é que eu hei-de ir
Com este calor?
O que é que eu hei-de fazer
P’ra não ter que te ver
Com o teu novo amor?
Ver-te-ei com certeza
Mas eu peço à tristeza
Um pouco de controle
E pelo sim pelo não
Eu vou ter sempre à mão os meus óculos de sol

Vou chorar
Uuuuh uh
Vou sofrer
Uuuuh uh
Vou chorar
Uuuuh uh