Wednesday 7 February 2007

Intervenção cívica

Três imagens, três rostos, três mulheres, três actrizes, três filmes, três países

Na primeira, Isabelle Huppert, no filme "Une affaire de femmes" de Claude Chabrol (1988), baseado no caso real de Marie-Louise Giraud, abortadeira como forma de sobrevivência, guilhotinada pelo governo de Vichy em 1943 (uma das últimas três mulheres executadas em França), por um "crime contra o Estado", que privava a nação de potenciais soldados.

Na segunda, Setsuko Hara, no filme "Yama no oto" (O Som da Montanha) de Mikio Naruse (1954), que conta a história de uma mulher que, sofrendo em silêncio a indiferença do marido, estabelece uma relação de grande ternura e proximidade com o sogro. Quando, após alguns anos de casamento, finalmente engravida, toma solitariamente a dolorosa decisão de abortar. Em 1954, num hospital público de Tóquio, num filme de um dos maiores realizadores japoneses, recheado de vedetas da época.

Na terceira, Imelda Staunton, no filme "Vera Drake" de Mike Leigh (2004), a história de uma mulher simples, que com grande ingenuidade e generosidade praticava abortos clandestinos na Londres de 1950 e que foi condenada a uma pesada pena de prisão. O aborto foi considerado um crime em Inglaterra até 1967.

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