
Pela primeira vez na sua história, o óscar de melhor filme do ano será atribuído a um filme falado numa língua estrangeira (ou seja, uma daquelas que nós falamos): Letters from Iwo Jima, realizado por Clint Eastwood em japonês.
Outra oportunidade de tal acontecer (o melhor filme do ano ser, pelo menos parcialmente, não falado em inglês) seria a vitória do filme mais pretencioso, grandiloquente e hipócrita do ano, Babel, mas apesar das suas sete nomeações, o filme global do mexicano Alejandro González Iñárritu sairá de mãos vazias da cerimónia do próximo dia 25 de Fevereiro. Os apresentadores não conseguiriam pronunciar o seu nome.
Caso a Academia decida fazer justiça a contrario a Scorsese, não lhe dando o óscar e permitindo-lhe continuar, juntamente com Alfred Hitchcock, Howard Hawks, Nicholas Ray, Charles Chaplin ou Stanley Kubrick, na prestigiada lista dos realizadores nunca premiados, o grande Clint Eastwood pode vir a juntar-se à restrita lista dos realizadores com mais de dois óscares, que inclui John Ford, Frank Capra e William Wyler. Com a terceira vitória de Eastwood, evitar-se-ia o contra-senso de separar os prémios de melhor filme e de melhor realizador (como se a APE premiasse um romance de Lobo Antunes, mas considerasse o de Saramago o mais bem escrito).

Apesar da ausência do filme de Almodóvar em mais nomeações à parte a de Cruz, o espanhol será a língua do melhor filme estrangeiro: El laberinto del fauno, o "meu" filme de Natal, realizado por Guillermo del Toro. Este filme, que dará ao México a sua primeira vitória nesta categoria, obterá igualmente óscares pelo argumento original, fotografia, direcção artística, caracterização e banda sonora, tornando-se assim o filme estrangeiro mais premiado da história da Academia de Hollywood.
O México tem, aliás, grandes probabilidades de levar a parte de leão dos óscares deste ano. É que, para além do inenarrável Babel, há que contar ainda com o filme Children of Men de Alfonso Cuarón, autor do divertido Y tu mamá también e de um dos Harry Potters. De produção anglo-americana, este filme será uma alternativa séria ao Laberinto del fauno para o prémio da fotografia (Emmanuel Lubezki é um dos grandes directores de fotografia actuais, principal responsável pela beleza de The New World) e tem de qualquer modo assegurados os prémios do argumento adaptado e da montagem.
Ryan Gosling, um dos mais talentosos e inteligentes actores americanos, converter-se-á no mais jovem vencedor do óscar de melhor actor, pelo filme Half Nelson. A categoria em que concorre é, aliás, a que reúne um dos grupos mais sólidos de grandes talentos (Peter O'Toole, Forest Whitaker, Leonardo DiCaprio), o que só virá a prestigiar o seu prémio.
Rendez-vous, portanto, daqui a um mês, com esta lista na mão.
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